sábado, 29 de outubro de 2011



Introdução
            Indubitavelmente, a operação da cura divina e seus dons tiveram lugar destaque não somente dentro da narrativa bíblica do ministério de Jesus e do livro Atos dos Apóstolos, mas também exerceu significativa influência na difusão do pentecostalismo. As curas constituíram uma poderosa ferramenta de evangelização das massas, e assim é até os dias de hoje. Nessa lição vamos estudar as implicações bíblico-doutrinárias da cura divina, além de fazer menção histórica dos pioneiros da mensagem de cura, pré e pós-pentecostalismo; por fim, estudaremos a relação da cura divina com a obra do calvário e com a liderança eclesiástica.

A-     CURA DIVINA À LUZ DA BÍBLIA SAGRADA
A Bíblia é enfática em expressar que Deus tem um “caráter curador”, quando ele mesmo afirmou: “...eu sou o Senhor, que te sara.” (Êx 15:26), fazendo assim, a primeira Aliança de cura com seu povo. A primeira alusão bíblica à cura divina se dá no ministério de Abraão (Gn 20:17), quando o pai da fé ora em favor do rei Abimeleque e cura sua esterilidade e de toda sua casa. Podemos fazer também menção da cura do rei Ezequias pelo ministério do profeta Isaías (Is 38:1-22), além dos abundantes relatos dos ministérios dos profetas Elias e Eliseu (I Rs 17:21-24; II Rs 4:33-37; 5:10-14), dentre outros. Em o Novo testamento encontramos ainda mais ricos relatos da operação divina em dar saúde ao homem, à começar é claro pelo inigualável ministério de Jesus (At 10:38; Mt 8:16; 11:3-6; Mc 3:10), aliás, o ministério de Jesus era essencialmente tríplice: pregar, ensinar e curar (Mt 4:23; 9:35; Mc 1:39; Lc 4:44). Este mesmo poder foi outorgado aos primeiros discípulos (Mc 3: 15; 6:12-13; Lc 10:9), e posteriormente, após o advento do pentecostes (At 2:1-13), ocorreu a primeira cura da era apostólica (At 3:1-16), e desde então, o ministério de homens como o apóstolo Simão Pedro (At 3:6-8; 4:29; 5:15-16; 9:34), diácono evangelista Filipe (At 8:6-8) e o apóstolo missionário Paulo de Tarso (At 14:9-10; 19:11-12; 28:8-9), que enumerou a cura como um dos nove dons mencionados (I Co 12:9), foram marcados por essa operação graciosa do Espírito Santo.

B-     PRECURSORES DO MOVIMENTO DE CURA
Entre o final do século XIX e meados do século XX este precioso dom caracterizou o conceito geral de pentecostalismo; nesse momento histórico surgiram dois grupos importantes: os pregadores da fé (precursores da teologia da prosperidade) e a voz da cura (revista e convenção de ministros “curadores”). Evidentemente, alguns dos grandes avivalistas da cura divina incorreram em graves problemas doutrinários, mas nem por isso não merecem ser citados, como John Alexander Dowie e William Branhan, outros, da mesma sorte não foram felizes em sua conduta moral como Jack Coe e o poderoso ministro de cura A. A. Allen. Dentre as mulheres, destacaram-se primeiramente Maria Woodworth-Etter, influenciando os ministérios de Aimee Semple McPherson (fundadora da Igreja do Evangelho Quadrangular) e Kathryn kuhlman, que foi provavelmente a mais destacada evangelista de cura de todos os tempos. Não podemos omitir o nome do missionário pentecostal para a África, John G. Lake e do “apóstolo da fé” Smith Wigglesworth, porém, poucos homens notabilizaram tanto a cura divina como o tele-evangelista Oral Roberts (pioneiro do tele-evangelismo). Algo unânime entre todos esses pregadores e na doutrina pentecostal, é a doutrina da cura incluída na obra expiatória.
   
C-     A CURA COMO EFEITO DA EXPIAÇÃO
A Expiação é o cerne da religiosidade judaica e tornou-se o cerne da doutrina cristã. O principal evento anual dos hebreus era o Yom Kippur ou “Dia da Expiação”, quando o sumo sacerdote oferecia sacrifício pelos pecados de todo o povo, tornando Deus “propício” à Israel, aliás, propiciar é um dos termos para expiar, além de cobrir, pacificar, reconciliar. O Yom Kippur era uma figura da Expiação definitiva efetuada por Cristo na cruz como nosso Sumo Sacerdote. O texto fundamental da doutrina da cura na expiação é Isaías 53:4-12, porém esse conceito “salvação/cura” é apresentado por outras Escrituras como: Sl 103:3; Mt 9:5-8; Lc 4:18-19; I Pe 2:24. A suma da doutrina é que todas as implicações da Queda do primeiro Adão, à saber a maldição da lei foi transferida para a “conta” de Jesus Cristo através de sua obra substitutiva (Gl 3:13); e expiação é também “substituição”. Assim, entende-se que as enfermidade como efeito direto da Queda, foram levadas sobre Cordeiro de Deus, Jesus, que é substância da sombra dos bodes emissário e expiatório oferecidos. (Lv 16:1-10); “para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta Isaías, que diz: Ele tomou sobre si as nossa enfermidades e levou as nossas doenças.” (Mt 8:17), entende-se que Jesus começou a cumprir, mesmo antes da obra expiatória, pois ele é o Cordeiro que foi profeticamente morto desde a fundação mundo (Ap 13:8).

D-     POSSÍVEIS IMPEDIMENTOS À CURA DIVINA
A despeito da veracidade dessa doutrina pentecostal, e sabendo que é a vontade de Deus curar a todos os que padecem enfermidades (Mt 8:16; 14:35-36; 19:2; Mc 6:56), pois ele não faz acepção de pessoas (Mc 1:41), com tudo isso, não podemos omitir um fator crucial na dádiva da cura divina: a soberania divina, por isso, não devemos tentar dar explicações filosóficas para os “não curados”. Ainda assim, sabendo evitar alguns impedimentos à cura divina podemos evitá-los; são alguns deles: (1) incredulidade (Mc 6:5); (2) ignorância e irreverência com o sagrado (I Co 11:29-30); (3) negligência no ensino sobre a dádiva em função da tradição teológica (Mt 15:6); (4) frustrações do passado que debilitam a fé presente (Mc 5:26; Jo 5:5-7); (5) pecado não confessado (Tg 5:16); (6) uma ação demoníaca (Mc 9:29); (7) fundamentação da crença na observação dos sintomas visíveis (II Co 5:7; Hb 11:1).

E-      A RELAÇÃO DA CURA COM O EPISCOPADO
Evidentemente que a operação curadora do Espírito de Deus em favor ou através de alguém, independe de sua posição ou grau eclesiástico, haja visto que o evangelista Filipe e o pregador Estevão, ministravam os dons, porém, não exerciam o episcopado na Igreja Primitiva, e sim o diaconato (At 6:5); Mas há um parâmetro bíblico para a ministração da cura através do ato de ungir, restringindo-o à liderança eclesiástica (Tg 5:15-16). Notemos alguns princípios desta Escritura sagrada: (1) a unção do enfermo deveria ser preferencialmente solicitada pelo enfermo ou seus familiares, “Está alguém entre vós doente? Chame...”; (2) não se recomenda chamar nenhum outro dom ou ministro senão o presbitério (o pastor ou presbíteros) da igreja, “...chame os presbíteros da igreja...”; (3) esta oração pode implicar em uma imposição de mãos, “...e orem sobre ele...”; (4) o respaldo do ato está no nome poderoso de Jesus, “...ungindo-o com azeite em nome do Senhor.”; (5) o poder e a eficácia do ato não estão no azeite, e sim na oração da fé, “...e a oração da fé salvará o doente...”; (6) a cura será efetuada pelo Senhor através do ministro, e não pelo ministro, “...e o Senhor o levantará...”; (7) o ancião da igreja pode sim ministrar o perdão divino ao doente, desde que o mesmo confesse (v. 16; Jo 20:23; Pv  28:13). Louvamos a Deus pelas bênçãos da Reforma Protestante, mas não podemos negligenciar a distinção honorífica e espiritual do sacerdócio cristão, o maior abençoa o menor (Hb 7:7), e “o óleo vem de cima” (Sl 133:1-2).
  
CONCLUSÃO
Não permitamos que os modismos teológicos dirimam a plenitude do ministério pentecostal com mensagens de auto-ajuda e motivação que tentam substituir o poder e a eficácia da mensagem que foi restaurada no reavivamento da Missão da Fé Apostólica na Rua Azuza 318. Um dos atributos de Deus é a sai imutabilidade (Ml 3:6), e seu Filho Jesus compartilha desse atributo (Hb 13:8). Se pregarmos o Cristo que cura, ele certamente curará, como tem feito em nossos dias, pois os sinais seguirão aos que crerem (Mc 16:17-18), e confirmarão a mensagem (Mc 16:20). JESUS CURA! Glória a Deus